Crises de idade: elas existem mesmo?

A psicóloga do HED, Tatiana Galli, afirma que não!
‘’O que existe são crises ao longo do desenvolvimento humano. Crise ao ingressar na etapa escolar, passagem pela adolescência, crise ao sair da casa dos pais, crise "do ninho vazio", sentido pelos pais devido a saída dos filhos de casa, crise da meia idade, entre outras.’’
Segundo ela, a "crise da meia idade", termo criado em 1965 por Elliott Jaques, é a que mais se relaciona a uma idade propriamente dita. Ela compreende a fase dos 45 aos 50 anos. É um momento marcado pelo sentimento de perda do tempo que passou, as escolhas feitas, os planos que ainda não foram consolidados, e os novos planos para a próxima etapa. No entanto, não quer dizer que todos vivenciarão uma crise ao longo do desenvolvimento. Assim como não necessariamente todos passarão com a mesma intensidade.
Se trata, também, de uma transição em que alguns fatores podem desencadear como, por exemplo, o início do declínio cognitivo, bem como alterações hormonais (menopausa nas mulheres e redução da testosterona no homem), e o fato dos adultos dessa etapa encontrarem-se envolvidos com seus filhos, mas também com seus pais idosos, se ainda vivos, gerando uma sobrecarga.
Esta crise é vivenciada de modo introspectivo, pessoal. O adulto pode demonstrar que passou por esta etapa quando apresenta-se com uma transformação lenta de caráter, quando antigos hábitos voltam à tona, ou quando interesses habituais são esquecidos e substituídos por novos. Por vezes, princípios que norteavam a vida podem se modificar radicalmente. Quando a crise é resolvida, há uma mudança na personalidade, fazendo com o indivíduo esteja pronto para enfrentar o próximo ciclo.
Contar com uma rede de apoio familiar ou de amizades ajuda a superar as dificuldades de forma mais saudável, propiciando o amadurecimento necessário para seguir em frente. Lembrando que o auxílio de um profissional deve ser buscado sempre que ao realizar essa avaliação a pessoa encontre mais fatores insatisfatórios do que satisfatórios.
Fonte: Tatiana Galli, psicóloga do Hospital Ernesto Dornelles.