Doença renal crônica é diagnosticada com exames de urina e de creatinina
Os primeiros sintomas são sentidos, normalmente, quando a doença já está em estágio avançado
Silenciosa e quase sem sintomas na fase inicial, a doença renal crônica (DRC) atinge um em cada dez adultos e, atualmente, afeta 850 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a World Kidney Day. Ela é considerada uma das epidemias do século, pois não tem cura e, conforme estimativa da World Kidney Day, ela se tornará a quinta causa mais comum de anos perdidos de vida em 2040.
Os rins desenvolvem diversas funções no organismo, sendo que as principais são filtrar o sangue, controlar os níveis dos eletrólitos (como potássio, sódio e cálcio) produzir hormônios, além de eliminar as impurezas através da urina. Por não apresentar sinais, a doença renal crônica é diagnosticada, normalmente, quando está em estágios mais avançados.
Conforme a médica nefrologista do Hospital Ernesto Dornelles e Diretora de Políticas Associativas da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Dra. Cinthia Krüger Sobral Vieira, muitas vezes, ela é descoberta de forma indireta. “O paciente é diagnosticado com anemia e descobre que a causa é a diminuição do hormônio Eritropoietina (EPO) sintetizado pelo rim, que estimula a produção de células vermelhas na medula óssea”.
Os primeiros sinais a serem percebidos por quem está com disfunção renal são náuseas, vômitos, olhos inchados, aumento ou diminuição da quantidade de urina e inchaço nas pernas. Entretanto, de acordo com a nefrologista, a melhor forma de diagnóstico é com a realização de Exame Qualitativo de Urina (EQU) e de creatinina. “Se a creatinina estiver elevada é porque a pessoa está com problema renal”.
A creatinina é produzida pelo metabolismo proteico, através da renovação muscular. O excesso é eliminado pela urina e permanecerá no sangue se o rim não estiver funcionando. Os níveis ideais de creatinina variam conforme gênero e idade: para as mulheres é de 0,5 a 1,1 mg/dL; nos homens entre 0,7 a 1,2 mg/dL; crianças de 1 a 5 anos é de 0,3 a 0,5 mg/dL e; crianças de 5 a 10 anos entre 0,5 e 0,8 mg/dL.
Pessoas com diabetes ou hipertensão estão no grupo de risco. De acordo com a médica, pacientes com níveis elevados de açúcar no sangue, geralmente, começam a perder a função renal entre cinco e dez anos após a descoberta da doença. “É possível evitar a disfunção renal desde que a diabetes esteja bem controlada, com uma alimentação equilibrada, exercícios físicos e manter o peso estipulado”. Outros fatores também propiciam o desenvolvimento da doença renal crônica, como a obesidade e o consumo indiscriminado de anti-inflamatórios, que podem lesar a parte intersticial do rim.
O último estágio da DRC é a falência do órgão quando se torna necessário o início das terapias renais substitutivas, diálise peritoneal ou hemodiálise, e o transplante. “O rim é o único órgão que pode manter você vivo por muitos anos mesmo com a perda de função. Isso é possível através das terapias. A doença renal crônica ainda não tem cura e o melhor tratamento é tratar a causa para evitar que ela se desenvolva”.
Dicas para prevenir a doença renal crônica:
- Realizar exames anuais de EQU e creatinina;
- Ter uma alimentação com pouco sal e açúcar;
- Evitar o consumo elevado de carboidratos;
- Não fumar;
- Não usar anti-inflamatório de modo indiscriminado;
- Evitar o consumo de bebida alcoólica;
- Praticar exercícios físicos.