Conheça as hepatites virais e previna-se
O médico gastroenterologista e endoscopista do Hospital Ernesto Dornelles, Dr. Guilherme Becker Sander, esclarece o que são as hepatites virais para você conhecer um pouco mais sobre esta doença. Fique atento e procure um médico no caso de possuir os sintomas.
Assessoria de Comunicação e Marketing - O que são hepatites virais?
Dr. Guilherme Becker Sander - As hepatites virais são doenças infecciosas sistêmicas causadas por vírus que tem o fígado como alvo primário. Os vírus que têm o fígado como alvo primário, ou seja, causam hepatites virais, são 5: o vírus da hepatite A (HAV), o vírus da hepatite B (HBV), o vírus da hepatite C (HCV), o vírus da hepatite D ou Delta (HDV) e o vírus da hepatite E (HEV).
Assessoria - Como elas são transmitidas?
Dr. Guilherme - As hepatites A e E são transmitidas pela via orofecal. As hepatites B, C e delta são transmitidas por exposição percutânea direta ao sangue, hemoderivados ou instrumental cirúrgico contaminado. Receptores de sangue e derivados, usuários de drogas injetáveis, pacientes de hemodiálise e profissionais de saúde (que podem ser vítimas de acidentes pérfuro-cortantes) apresentam maior risco de infecção.
Assessoria - Qual a forma de prevenção?
Dr. Guilherme - As hepatites A e B possuem vacina, que fazem parte do calendário brasileiro de vacinação. O vírus delta, por ser defectivo, somente infecta pessoas também infectadas pelo vírus da hepatite B. Assim, a vacinação contra a hepatite B protege da hepatite delta também. Adicionalmente, cuidado com a ingestão de água não tratada, evitar banhos de rio ou mar próximos a locais de despejo de esgoto, evitar o consumo de frutos do mar crus ou mal cozidos também são preconizados para a prevenção das hepatites A e E, especialmente em áreas de alta prevalência, como o nordeste brasileiro. Para a prevenção de hepatites transmitidas por via percutânea, deve-se evitar o compartilhamento de objetos cortantes de uso pessoal, como alicates de unha, lâminas de barbear, assim como procurar apenas estabelecimentos de saúde em dia com a fiscalização da vigilância sanitária.
Assessoria - Tem cura? Tratamento? Como?
Dr. Guilherme - A hepatite A e E são autolimitadas, não tendo formas crônicas, ou seja, sua história natural é a progressão para cura sem tratamento específico. Contudo, na fase aguda, podem ser graves o suficiente para serem fatais ou necessitarem de tratamento com transplante hepático. As hepatites B, C e delta podem cronificar, situação na qual podem necessitar de tratamento com medicamentos antivirais. De maneira geral, todas formas de hepatites virais são tratáveis.
Assessoria - Quais os sintomas e riscos que trás para o paciente?
Dr. Guilherme - Estes vírus, tendo o fígado como alvo primário, causam um processo necroinflamatório característico: a "hepatite". Náusea, vômitos, mal-estar, dor-de-cabeça, e perda do apetite são os sintomas mais freqüentes na fase inicial da doença. Colúria (urina escura) e acolia (fezes esbranquiçadas) antecedem a fase ictérica (pele e olhos amarelados) que, em geral, coincide com alteração das provas de função hepática. Na fase aguda o maior risco é a insuficiência hepática, que se muito grave, pode necessitar de transplante hepático. As hepatites B, C e delta nas suas formas crônicas, podem progredir para a cirrose e/ou câncer de fígado.
Assessoria - Alguma outra observação importante a respeito?
Dr. Guilherme - A prevenção neste caso é o melhor remédio. Mas em todos os casos existem formas de tratamento.
Guilherme Becker Sander
CRM 23.587
Gastroenterologista e Endoscopista.
Doutor em gastroenterologia e hepatologia pela UFRGS